segunda-feira, 27 de abril de 2015

Eu quero a minha mãe


Existe um comportamento, um funcionamento involuntário e inconsciente chamado Regressão. É quando por algum motivo regredimos emocionalmente.

É um mecanismo interno nosso, que se refere a voltar a estágios anteriores no nosso desenvolvimento emocional.

As crianças podem regredir quando nasce um irmãozinho. Elas podem se ressentir pela ausência da mãe, e pelo medo de não serem mais queridas como antes, e tendem a apresentar comportamento de bebê, voltando a pedir a mamadeira, a falar errado.

Isso significa que diante de uma dificuldade, houve uma regressão.

E isso pode acontecer para os adultos também.

Muitas vezes é num nível em que a pessoa não percebe claramente, a não ser que se conheça mais profundamente, que preste atenção para identificar.

Diante de um golpe duro na vida, uma separação, um desafio que oferece medo, alguém pode ser acometido por uma sensação de impotência, desânimo, e às vezes chega mesmo a dizer: “Precisava de um colo nesse momento”.

E não é à toa que se refira ao colo.

É comum ouvirmos: “Não tenho vontade nem de sair da cama”, como se se quisesse ficar embrulhado, escondido, protegido do mundo lá fora.

Quando alguém se acha em grande sofrimento, pode se colocar literalmente na posição fetal, abraçando os joelhos, se encolhendo, querendo no fundo, voltar para o útero, lugar mais “perfeito”, onde não existe esforço, e o afago é por inteiro, a proteção é total, a tranquilidade é absoluta.

Diante das dores emoções antigas podem voltar, inclusive lembranças, memórias de outras fases da vida, primitivas.

É o nosso interior, desejando fugir da dor, da angústia. Desejando que alguém pudesse agir como uma mãe faria, resguardando, defendendo, resolvendo por nós.

Todo esse processo pode acontecer em situações mais difíceis da vida. Caso a pessoa passe a se sentir assim frequentemente, até mesmo diante de coisas corriqueiras, então seria adequado uma intervenção, um tratamento psicoterápico ou outro, já que pode ser um sinal de que registros de alguma vivência traumática, não resolvida, esteja refletindo no agora, de forma que pode chegar a atrapalhar o dia a dia, o desenvolvimento pessoal.

Há pessoas que chegam ao ponto de não conseguirem mais prosseguir sozinhas, como se não tivessem mais forças para lidar com o “mundo adulto”, entram num estado mais depressivo, e pode ser um quadro sério se não for tratado.

Querer a mãe em momentos da vida, e relembrar como era bom o seu colo, é natural.

O que não pode ser saudável é querer literalmente fugir do mundo, da vida, como se não tivesse recursos desenvolvidos para lidar. Então é bom procurar ajuda.

Rosangela Tavares






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